O incêndio que ocorreu na boate Kiss, em Santa Maria/RS, em 26/01/13, é
uma tragédia que choca os brasileiros e trás um enorme sofrimento aos familiares,
amigos, professores e conhecidos das vítimas. Quantas histórias de vida foram
interrompidas, quantos talentos foram desperdiçados, quanto sofrimento foi
gerado? Imagino a consternação dos professores e colegas de turma ao votarem às
aulas sem a presença de alguns dos alunos que deveriam estar lá. Qual é a dor
de perder um filho que está apenas começando a vida adulta de uma forma tão
trágica e inesperada? O pior é saber que tudo isso poderia ser evitado.
Advogados dos donos da boate classificaram o evento como uma
fatalidade. É claro que alguns elementos se juntaram para que essa tragédia
ocorresse, mas se as normas de segurança tivessem sido cumpridas, a madrugada
de domingo seria apenas mais uma noite de festa para alguns e de sono tranquilo
para outros, na cidade de Santa Maria.
De acordo com Ivan Ricardo
Fernandes, engenheiro civil e capitão do Corpo de Bombeiros do Paraná, normas técnicas básicas de segurança contra
incêndio deixaram de ser cumpridas como capacidade de lotação e número mínimo
de saídas de emergência. Em uma tragédia nessas proporções, não é preciso ser
especialista para saber que várias normas de segurança não foram cumpridas.
De fato, é trágico pensar que existe tanta burocracia no país,
especialmente para abertura de um negócio, e tantas normas técnicas básicas não
são seguidas nos mais diferentes segmentos e setores da nossa economia. Nos
Estado Unidos, por exemplo, a quantidade de procedimentos burocráticos para
abrir um negócio é consideravelmente menor e as normas são mais respeitadas.
O que essa tragédia traz a tona é que apesar da burocracia dificultar a
abertura de negócios, aumentar os custos e reduzir o nível de investimentos,
ela não funciona! Quantos potenciais empresários deixam de exercer suas
habilidades pelo simples fato de existir uma burocracia excessiva? Quantos
acabam exercendo suas atividades na informalidade, em condições mais precárias,
pelo mesmo motivo? No final, todos os brasileiros perdem com isso.
O que funciona é reduzir a burocracia, tornar as regras e leis mais
simples e fortalecer as instituições brasileiras para que a fiscalização seja
mais eficiente e para que as empresas que não seguem as normas sejam
penalizadas antes que fatalidades aconteçam. Além de aumentar a segurança de
todos, instituições mais fortes estimulam o funcionamento dos mercados,
incentivam os investimentos produtivos e promovem o desenvolvimento econômico.
Enquanto nossos gestores e formuladores de política econômica não
perceberem isso, podemos apenas lamentar tragédias como essa e as pequenas
tragédias que ocorrem todos os dias quando talentos são desperdiçados pelo
excesso de burocracia e pelas fracas instituições. Particularmente, nesse
momento só posso enviar meus sentimentos e desejar que as famílias,
professores, colegas de turma e conhecidos das vítimas recebam muitas vibrações
positivas para passarem por essa tragédia da melhor forma possível.