segunda-feira, 18 de junho de 2012
Crescimento Brasil
O Brasil está melhorando o seu desempenho ou é o efeito da crise mundial? Só assim para o país recuperar participação no PIB mundial:

sexta-feira, 15 de junho de 2012
O debate sobre as estratégias de crescimento - escrito com Rudinei Toneto Júnior e Guilherme Byrro Lopes
Existe,
atualmente, um grande debate sobre as estratégias de crescimento da economia
brasileira e qual seria o melhor modelo a ser adotado. Existe certo consenso de
que o modelo de crescimento baseado no consumo das famílias adotado na era Lula
está se esgotado e que o foco deve mudar para a elevação dos investimentos
produtivos.
No
entanto, não existiu no governo Lula uma clara estratégia de crescimento
econômico, mas medidas para estimular a economia. A ampliação do crédito às
famílias, a maior atuação do BNDES para incentivar o investimento produtivo e
consolidar grandes grupos, a transferência de renda para as famílias mais
carentes, a ampliação do "mercado consumidor" que possibilitou ganhos
de escala de produtividade e os aumentos significativos da formalização da
economia que também se refletem na melhora da produtividade, nos remetem a um
tipo de desenvolvimentismo pragmático.
Além
das medidas listadas anteriormente, um dos grandes incentivos ao crescimento no
período foi a forte demanda externa puxada principalmente pelo crescimento da
economia chinesa e pela forte depreciação do real no primeiro mandato do
governo Lula, sendo que esses dois efeitos não foram resultados de ações
conscientes do governo para elevar o crescimento.
Uma
evidência da falta de estratégia clara em bem estruturada para acelerar o
crescimento da economia brasileira é que o seu desempenho foi semelhante ao do
resto do mundo. De acordo com os dados do Banco Mundial, a participação do PIB
da economia brasileira no PIB mundial permaneceu praticamente estável no
período 2002-2010, em torno de 2,85%. Portanto, o nosso melhor desempenho
coincidiu e foi causado parcialmente pelo bom momento em que se encontrava a
economia mundial. Não é por acaso que o desempenho brasileiro piorou de forma
considerável a partir de 2010 com o agravamento da crise econômica
internacional.
A
mudança de foco para os investimentos produtivos é positiva e necessária, mas
apresenta somente parte da resolução do problema. De fato, é preciso elevar a
taxa de investimento produtivo da economia brasileira para que se criem as
condições necessárias para alavancar o crescimento sem gerar pressões
inflacionárias. No entanto, somente essa mudança não é o suficiente. A história
brasileira e de outros países mostra que o bom desempenho econômico sustentável
só pode ser alcançado com a melhora da produtividade, ou seja, quando se produz
mais com a mesma quantidade de capital e trabalho.
Focar
somente em uma estratégia de elevação da taxa de investimento desvia a atenção
desse ponto fundamental e que precisa ser levado em consideração para que a
nosso país possa deixar de ser considerado como “o do futuro”. Para elevar a
produtividade é preciso que boa parte dos investimentos produtivos seja
destinada à melhora e ampliação da infraestrutura econômica (rodovias,
ferrovias, energia, portos, etc.), que sejam realizados investimentos
consideráveis para melhorar a qualidade do sistema educacional e na capacitação
profissional dos trabalhadores e estimular o crescimento de setores econômicos
que possuem maior produtividade, potencial de inovação e ligações com outros
segmentos da economia, sendo que estes estão concentrados na indústria de
transformação, em parte da agropecuária voltada para exportação e em alguns
segmentos do setor de serviços que possuem maior conexão com a indústria. Por
fim, o governo precisa assegurar que as regras econômicas sejam aperfeiçoadas e
respeitadas para estimular o espírito empresarial na busca do lucro que acaba
por gerar efeitos positivos sobre o investimento e a produtividade.
segunda-feira, 4 de junho de 2012
Sociedade Rent-Seeking
Recentemente terminei de lecionar um curso sobre teorias de crescimento econômico para os alunos da Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico da UFPR. Entre vários artigos, apresentei um seminal sobre a Sociedade Rent-Seeking de autoria da professora Anne Kruger, da Universidade Johns Hopkins.
O
artigo foi publicado em 1974 e nele se desenvolve uma análise sobre as
ineficiências causadas pela intervenção governamental em alguns mercados devido
à geração de rendas extraordinárias. O foco da análise foi o setor importador e
como a imposição de cotas, ao elevar o preço dos produtos importados, gera uma
renda extra para os agentes que operam nesse mercado. Com a elevação dos
ganhos, ocorre uma competição para a obtenção de licenças para importação de
forma a empregar trabalho e capital de forma não produtiva.
Esse
tema é muito atual no Brasil e, certamente, tem efeitos relevantes no PIB.
Muitas pessoas e capital estão sendo empregados para a obtenção de rendas
geradas por intervenção governamental sem aumentar o PIB. Um exemplo são os
elevados salários de alguns funcionários públicos onde as atividades não
demandam pessoas com grande nível de qualificação. Em nosso meio, é comum
verificar que alguns dos melhores alunos dos programas brasileiros de
pós-graduação acabam indo para instituições como o IPEA, Banco Central,
Ministérios, Secretarias, Agências Reguladoras, etc.
É
claro que os candidatos estão respondendo aos incentivos, como salários
elevados, estabilidade no emprego, aposentadoria, etc. Os atrativos são
consideráveis, o que eleva muita a competição na entrada. Assim, os candidatos
exitosos possuem boa qualificação inclusive com diplomas de mestrado e
doutorado, em muitos casos. No entanto, muitas vezes, eles são alocados em
atividades que não demandam muita qualificação. Ou seja, não empregam, em suas
atividades diárias, o conhecimento e habilidades adquiridos anteriormente.
Portanto,
em muitos casos, todo o esforço realizado anteriormente acaba sendo apenas para
ter sucesso no concurso público e não para a realização das atividades que
serão realizadas. Essa competição na entrada acaba sendo um desperdício de
recursos (tempo se preparando, realização de cursos de mestrado e doutorado,
etc.).
É
claro que essas instituições demandam pessoas com elevado nível de
qualificação, mas apenas em áreas específicas. Para reduzir essa ineficiência,
o governo federal deveria abrir concursos específicos em áreas que demandam
pessoal com elevado nível de qualificação, inclusive com a exigência diplomas
de mestrado e doutorado, pagando o diferencial de salário pela qualificação
apenas nessas atividades. Adicionalmente, geraria um efeito colateral positivo
ao melhorar as contas públicas.
Este
é apenas um exemplo que serve para ilustrar como uma intervenção governamental
pode gerar alocação de recursos em atividades não produtivas. Existem inúmeros
casos no Brasil que merecem estudos detalhados para a mensuração desses custos.
Podemos pensar nas licenças para taxistas, na intervenção governamental no mercado
produtivo favorecendo algumas empresas específicas, processos licitatórios, atividades
que restringem a entrada de novos produtores, etc.
Por um lado, o governo tem um papel fundamental em
muitos setores e no bom funcionamento da economia como um todo. Por outro, é
preciso levar em consideração esses custos quando ele interfere no
funcionamento do mercado. As intervenções devem ser realizadas de forma a
tentar estimular os setores produtivos e reduzir as rendas extraordinárias que
geram competição e a consequente alocação de recursos em atividades não
produtivas. Infelizmente, esse não é nosso histórico.
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