Em recente pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria
(CNI), constatou-se que a intenção de investimento dos empresários
industriais, no ano corrente, é a menor desde 2010. Mesmo em relação a
2014, que foi um ano bem difícil para a indústria brasileira, ocorreu
uma significativa queda nas intenções de investimento: de 78,1% dos
empresários industriais em 2014 para 69,3% em 2015.
De acordo com os empresários entrevistados, o principal motivo para a
baixa intenção de investimento é a incerteza econômica (77,4%), seguida
por reavaliações da demanda (45%) e custo do crédito (34,2%). Podemos
dizer que, atualmente, os erros de política econômica estão entre as
principais causas dos três fatores mais relevantes para a baixa intenção
de investimentos apontados pelos empresários industriais entrevistados.
As medidas de política econômica adotadas a partir do segundo mandato
de Lula e intensificadas no primeiro mandato de Dilma, conhecidas como
“Nova Matriz Econômica” – ou seja, estímulos fiscais setoriais, elevação
do volume de crédito via bancos públicos, redução da taxa de juros de
forma forçada e controle da taxa de câmbio para mantê-la competitiva –,
resultaram em estagnação econômica, além da elevação da inflação, do
déficit interno, que impacta a dívida do governo, e do déficit externo,
com efeitos sobre a dívida externa.
Em outras palavras, a “Nova Matriz Econômica” e as tentativas de
encobrir os problemas que começavam a aparecer, como o controle de
preços administrados e a contabilidade criativa adotada pelo governo
federal, são as principais responsáveis pela deterioração nos
fundamentos da economia que levaram a um maior nível de instabilidade
macroeconômica, com efeitos sobre a demanda agregada da economia e
também do aumento do custo de crédito.
A nova equipe econômica denominada “liberal” foi composta para tentar
arrumar a casa e colocar novamente a economia em uma rota de
crescimento positivo de forma sustentável. O problema é que o trabalho é
muito maior do que consertar as consequências de uma aventura
irresponsável na condução da economia. Enquanto a equipe econômica
anterior fazia suas experiências, o governo esqueceu que, para a
manutenção do crescimento de longo prazo, reformas e investimentos são
cruciais, e essa conta também está chegando para pagarmos.
Outra pesquisa da CNI sobre a competitividade internacional mostra
que, entre os 14 principais concorrentes do Brasil, só não perdemos para
a Argentina, sendo que o nosso país perdeu posições nos quesitos
ambiente macroeconômico e infraestrutura/logística. Dessa forma, nesses
últimos dois mandatos não foi comprometida somente a capacidade de
crescimento no curto prazo, mas os efeitos também serão sentidos no
médio e longo prazos.
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