A
economia brasileira fechou o primeiro trimestre de 2013 com apenas 0,6%
de crescimento frente ao trimestre anterior, um resultado bem abaixo
das expectativas do mercado, que apostava em algo entre 0,8% e 1%. Isso
significa que a recuperação da atividade nacional está mais lenta que o
esperado, mesmo com a série de medidas (desonerações, crédito barato
para investimentos etc) que o Ministério da Fazenda adotou para
estimular a economia.
Na comparação com o ano passado,
o avanço foi de 1,9%, sendo que a indústria, em especial, recuou 1,4%.
Nesse ritmo é impossível chegar aos 3,5% da meta do governo federal ou
mesmo aos 3% antes previstos por boa parte dos analistas.
A faixa confortável daqui para frente, nem muito otimista
nem pessimista, é a de 2,5%. No momento, segundo o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, o país caminha a uma taxa anualizada de 2,2%.
Modelo
O ritmo menor que o esperado no crescimento reflete, segundo os
analistas, o esgotamento do modelo de estímulo ao consumo. Pressionadas
pela inflação e pelas dívidas, as famílias consumiram apenas 0,1% mais
no primeiro trimestre de 2013 em relação ao trimestre imediatamente
anterior. A volta da cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI) sobre veículos e eletrodomésticos e o crédito mais seletivo
contribuíram para esse número.
Ainda assim,e na comparação com o 1.º trimestre de 2012, o consumo
das famílias subiu 2,1%, a 38.ª alta consecutiva nesta base de
comparação.
Erro de diagnóstico
Para o economista Luciano Nakabashi, professor da USP de Ribeirão
Preto, a pressão inflacionária persistente é resultado também de um erro
de diagnóstico da equipe econômica, que focou muito em proteger o país
da crise externa e pouco – ou de forma atrasada – na resolução de
entraves internos: infraestrutura precária; piora do cenário
institucional pelo excesso de intervenção do governo no mercado; e carga
tributária excessiva somada ao aumento de gastos públicos. “Todos esses
efeitos tiveram como consequência uma estagnação ou queda da
produtividade da economia e, com um baixo desemprego, medidas adicionais
para estimular a demanda começaram a afetar, principalmente, os preços
e, desse modo, a inflação”, resume.
Expectativa
O economista Silvio Sales, da Fundação Getúlio Vargas (FGV),
acredita que a expansão da economia no segundo trimestre de 2013 virá
ainda menor que a do primeiro. “De maneira geral, as sondagens do
comércio, de serviços e de construção [de abril] têm mostrado, a partir
do segundo trimestre, uma tendência declinante na percepção das
empresas”, argumentou Sales.
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