A taxa Selic serve de referência para o pagamento de juros dos
títulos do governo federal e também como balizamento para as demais
taxas de juros da economia brasileira, alterando decisões de consumo e
de investimentos. Desse modo, ela é fundamental na determinação do nível
de atividade econômica e também das contas públicas, pelo menos no
curto e médio prazos.
O governo Dilma experimentou uma política econômica de redução de
juros, atingindo o patamar de 7,25% ao ano, entre outubro de 2012 e
abril de 2013, sendo o menor nível desde o início do Plano Real. Diante
da deterioração do cenário externo à época do início do ciclo de redução
da taxa de juros (setembro de 2011), a política se mostrou acertada,
ainda mais considerando o fato de que não existe um consenso que
justifique um patamar tão elevado para os juros da economia brasileira
relativamente aos demais países e pelos seus efeitos positivos sobre as
contas públicas. Aquele seria o momento ideal para testar se a economia
brasileira consegue conviver com taxas de juros mais baixas do que os
seus níveis históricos.
No entanto, o ciclo de redução dos juros deveria ter ocorrido
concomitantemente a outras medidas de política econômica para que ela
pudesse ser sustentável. Em uma economia com baixo desemprego, o que
limita a elevação da produção, estímulos adicionais como desonerações de
segmentos específicos, além da redução dos juros, estimularam a demanda
de forma a elevar as importações, deteriorando as contas externas do
país, além de pressionar a inflação, o que explica o novo ciclo de
elevação dos juros que estamos presenciando atualmente. Portanto, no
conjunto e considerando a conjuntura do mercado de trabalho, as medidas
de política econômica adotadas foram equivocadas.
Os resultados de tais medidas de política geraram um cenário em que,
além do baixo crescimento, a economia vem presenciando pioras nas contas
externas, ou seja, maior dependência de poupança externa, e nas contas
internas, o que gera maior instabilidade macroeconômica e prejudica
investimentos, além de aceleração da inflação, que pressiona novamente
os juros para cima. Em suma, o que se percebe como decorrente de tais
medidas de política econômica é uma piora nos fundamentos da economia e,
assim, maior fragilidade a choques externos e menor capacidade de
crescimento econômico.
Se a preocupação da equipe econômica do governo federal era estimular
o crescimento quando optou pelas medidas de política fiscal
expansionista, ela deveria ter considerado que a economia já estava
próxima do pleno emprego e que o baixo crescimento tem ocorrido,
sobretudo, pela estagnação da produtividade econômica. Para retomar o
crescimento seria preciso analisar, de forma cuidadosa, as causas dessa
estagnação e adotar medidas que estimulassem a oferta em vez da demanda.
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