quarta-feira, 9 de abril de 2014

O novo ciclo de alta da Selic


A taxa Selic serve de referência para o pagamento de juros dos títulos do governo federal e também como balizamento para as demais taxas de juros da economia brasileira, alterando decisões de consumo e de investimentos. Desse modo, ela é fundamental na determinação do nível de atividade econômica e também das contas públicas, pelo menos no curto e médio prazos.

O governo Dilma experimentou uma política econômica de redução de juros, atingindo o patamar de 7,25% ao ano, entre outubro de 2012 e abril de 2013, sendo o menor nível desde o início do Plano Real. Diante da deterioração do cenário externo à época do início do ciclo de redução da taxa de juros (setembro de 2011), a política se mostrou acertada, ainda mais considerando o fato de que não existe um consenso que justifique um patamar tão elevado para os juros da economia brasileira relativamente aos demais países e pelos seus efeitos positivos sobre as contas públicas. Aquele seria o momento ideal para testar se a economia brasileira consegue conviver com taxas de juros mais baixas do que os seus níveis históricos.

No entanto, o ciclo de redução dos juros deveria ter ocorrido concomitantemente a outras medidas de política econômica para que ela pudesse ser sustentável. Em uma economia com baixo desemprego, o que limita a elevação da produção, estímulos adicionais como desonerações de segmentos específicos, além da redução dos juros, estimularam a demanda de forma a elevar as importações, deteriorando as contas externas do país, além de pressionar a inflação, o que explica o novo ciclo de elevação dos juros que estamos presenciando atualmente. Portanto, no conjunto e considerando a conjuntura do mercado de trabalho, as medidas de política econômica adotadas foram equivocadas.

Os resultados de tais medidas de política geraram um cenário em que, além do baixo crescimento, a economia vem presenciando pioras nas contas externas, ou seja, maior dependência de poupança externa, e nas contas internas, o que gera maior instabilidade macroeconômica e prejudica investimentos, além de aceleração da inflação, que pressiona novamente os juros para cima. Em suma, o que se percebe como decorrente de tais medidas de política econômica é uma piora nos fundamentos da economia e, assim, maior fragilidade a choques externos e menor capacidade de crescimento econômico.

Se a preocupação da equipe econômica do governo federal era estimular o crescimento quando optou pelas medidas de política fiscal expansionista, ela deveria ter considerado que a economia já estava próxima do pleno emprego e que o baixo crescimento tem ocorrido, sobretudo, pela estagnação da produtividade econômica. Para retomar o crescimento seria preciso analisar, de forma cuidadosa, as causas dessa estagnação e adotar medidas que estimulassem a oferta em vez da demanda.

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