Existe,
atualmente, um grande debate sobre as estratégias de crescimento da economia
brasileira e qual seria o melhor modelo a ser adotado. Existe certo consenso de
que o modelo de crescimento baseado no consumo das famílias adotado na era Lula
está se esgotado e que o foco deve mudar para a elevação dos investimentos
produtivos.
No
entanto, não existiu no governo Lula uma clara estratégia de crescimento
econômico, mas medidas para estimular a economia. A ampliação do crédito às
famílias, a maior atuação do BNDES para incentivar o investimento produtivo e
consolidar grandes grupos, a transferência de renda para as famílias mais
carentes, a ampliação do "mercado consumidor" que possibilitou ganhos
de escala de produtividade e os aumentos significativos da formalização da
economia que também se refletem na melhora da produtividade, nos remetem a um
tipo de desenvolvimentismo pragmático.
Além
das medidas listadas anteriormente, um dos grandes incentivos ao crescimento no
período foi a forte demanda externa puxada principalmente pelo crescimento da
economia chinesa e pela forte depreciação do real no primeiro mandato do
governo Lula, sendo que esses dois efeitos não foram resultados de ações
conscientes do governo para elevar o crescimento.
Uma
evidência da falta de estratégia clara em bem estruturada para acelerar o
crescimento da economia brasileira é que o seu desempenho foi semelhante ao do
resto do mundo. De acordo com os dados do Banco Mundial, a participação do PIB
da economia brasileira no PIB mundial permaneceu praticamente estável no
período 2002-2010, em torno de 2,85%. Portanto, o nosso melhor desempenho
coincidiu e foi causado parcialmente pelo bom momento em que se encontrava a
economia mundial. Não é por acaso que o desempenho brasileiro piorou de forma
considerável a partir de 2010 com o agravamento da crise econômica
internacional.
A
mudança de foco para os investimentos produtivos é positiva e necessária, mas
apresenta somente parte da resolução do problema. De fato, é preciso elevar a
taxa de investimento produtivo da economia brasileira para que se criem as
condições necessárias para alavancar o crescimento sem gerar pressões
inflacionárias. No entanto, somente essa mudança não é o suficiente. A história
brasileira e de outros países mostra que o bom desempenho econômico sustentável
só pode ser alcançado com a melhora da produtividade, ou seja, quando se produz
mais com a mesma quantidade de capital e trabalho.
Focar
somente em uma estratégia de elevação da taxa de investimento desvia a atenção
desse ponto fundamental e que precisa ser levado em consideração para que a
nosso país possa deixar de ser considerado como “o do futuro”. Para elevar a
produtividade é preciso que boa parte dos investimentos produtivos seja
destinada à melhora e ampliação da infraestrutura econômica (rodovias,
ferrovias, energia, portos, etc.), que sejam realizados investimentos
consideráveis para melhorar a qualidade do sistema educacional e na capacitação
profissional dos trabalhadores e estimular o crescimento de setores econômicos
que possuem maior produtividade, potencial de inovação e ligações com outros
segmentos da economia, sendo que estes estão concentrados na indústria de
transformação, em parte da agropecuária voltada para exportação e em alguns
segmentos do setor de serviços que possuem maior conexão com a indústria. Por
fim, o governo precisa assegurar que as regras econômicas sejam aperfeiçoadas e
respeitadas para estimular o espírito empresarial na busca do lucro que acaba
por gerar efeitos positivos sobre o investimento e a produtividade.
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