No ano que terminou, os resultados econômicos não foram positivos:
presenciamos uma elevação na dívida pública; considerável aumento nos
déficits das contas externas; inflação próxima do teto da meta; retomada
do ciclo de alta da taxa de juros; e, o pior, baixo crescimento
econômico.
Este ano é eleitoral e, desse modo, é muito provável que o governo
conserve a estratégia de estímulo aos gastos para, ao menos, manter baixa a
taxa de desemprego. Esse é o último trunfo econômico que resta e seria
um risco muito elevado para a estratégia de manutenção do Poder
Executivo federal caso essa taxa começasse a subir.
Mesmo com os prováveis estímulos à demanda, a economia não
apresentará um bom desempenho, pois os problemas que ela enfrenta são de
oferta, como baixas taxas de produtividade e de investimento. Assim,
teremos mais um ano de fraco desempenho econômico e com reduzido
desemprego.
O problema é que estímulos à demanda irão se traduzir em maior dívida
pública e manutenção dos juros elevados para manter a inflação dentro
da meta, o que pressiona ainda mais as contas do governo, gerando
instabilidade e reduzindo os investimentos. Cabe lembrar que,
historicamente, a Previdência é um elemento adicional que vem
pressionando o déficit orçamentário. Por outro lado, apesar da recente
depreciação da taxa de câmbio, não há sinais de redução nos déficits nas
contas externas brasileiras, o que também eleva a fragilidade
macroeconômica pela dependência crescente de poupança externa.
Na ausência de reformas relevantes para controlar a dívida interna e
aumentar a competitividade das empresas brasileiras, o que iremos
presenciar é a piora nos fundamentos da economia ao longo de 2014, como
já vem ocorrendo nos últimos anos, com impactos negativos nos próximos
anos.
Já estamos pagando a conta da falta de uma agenda consistente e
relevante de reformas desde o segundo mandato Lula até os dias atuais,
sendo que o sinal mais claro é o baixo crescimento econômico dos últimos
anos, que tem raízes muito mais em problemas internos que externos.
Mesmo com uma possível melhora no cenário externo, a tendência de
deterioração dos já fracos fundamentos da economia brasileira não
permitirá uma retomada do crescimento nos próximos anos.
Seja quem for o presidente eleito em 2014 e qual a sua equipe
econômica, em 2015 sentiremos com mais intensidade os efeitos dos erros
cometidos. Adicionalmente, a necessidade de ajustes para colocar a
economia novamente no rumo aumentará a tendência de desaceleração
econômica. Assim, passaremos por momentos econômicos mais difíceis antes
de uma possível melhora.
De qualquer forma, somos uma nação jovem que tem capacidade e talento
para superar os obstáculos que estão surgindo. O principal fator para
que isso ocorra é mudar o pensamento da sociedade para questões de longo
prazo, como demanda por investimentos em educação de qualidade, por
reformas não populares como a previdenciária e reforma tributária, além
da redução do setor público para fomentar o investimento privado. Assim
como no caso individual, a bonança vem após um período de grande esforço
e frugalidade.
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