Nas últimas décadas, presenciamos um ganho de importância do
investimento em educação como uma estratégia para promoção do
crescimento e desenvolvimento econômico. Esse fenômeno é decorrente da
difusão de teorias que enfatizam o capital humano como peça central
nesse processo, além do maior grau de mudanças tecnológicas que elevou o
retorno do investimento nesse tipo de capital. No entanto, apesar dessa
estratégia ser fundamental para acelerar o crescimento econômico, ela
não é suficiente.
Um bom exemplo é a estratégia de investimento em educação adotada por
Cuba, onde a sua população ficou à frente, em termos educacionais, de
seus pares latino-americanos, com a erradicação do analfabetismo já na
década de 1960, mas sem apresentar progresso econômico. A pergunta
natural seria: quais as razões para o fracasso econômico do citado país,
mesmo com o grande esforço realizado em investimento no setor
educacional?
O principal fator para o insucesso econômico de Cuba foi a estrutura
de incentivos existentes no país, ou seja, o seu arcabouço
institucional. Sendo socialista, os indivíduos não recebem de acordo com
seus esforços e produtividades. Desse modo, apesar do maior nível de
educação elevar a produtividade de seus cidadãos, o mesmo não ocorre com
o seu retorno, como o salário, por exemplo. Adicionalmente, não há
incentivos para investimentos produtivos que também elevam o retorno do
investimento em educação.
Uma das premissas básicas da economia é que os indivíduos respondem a
incentivos. Sendo assim, quando os incentivos não são adequados, as
pessoas não se esforçam e, como consequência, a produtividade é muito
baixa. Por isso a ênfase existente, por parte de alguns economistas e
analistas econômicos, na elaboração de regras claras e estáveis para
estimular os investimentos, com intervenção governamental somente onde
existem falhas de mercado. Quando o ambiente é propício, ou seja, quando
os indivíduos recebem pelos seus esforços, as regras são claras e os
agentes que não obedecem às regras são punidos, os empresários investem
em capital produtivo, aumentando a demanda por trabalho qualificado, e
os trabalhadores se tornam mais propensos a investir em educação.
Em outras palavras, não adianta educar toda a população, mesmo que o
sistema educacional seja de qualidade e gratuito, se não há estímulos
para que os trabalhadores se esforcem e para que ocorram investimentos
produtivos de modo a gerar demanda por trabalhadores qualificados. Nesse
caso, o trabalho qualificado se tornaria ocioso em um mundo onde
recursos produtivos são escassos e muito demandados em economias de
mercado. Cuba, novamente, serve como um bom exemplo. Parte de seus
médicos veio para o Brasil devido a certa ociosidade de uma mão de obra
muito qualificada e com alta demanda em qualquer país onde o mercado
funcione razoavelmente. Para o Brasil, esse é um fenômeno positivo ao
atrair um investimento já realizado que é caro e leva tempo para se concluir, além de trazer imigrantes, o que costuma ser positivo no
processo de evolução cultural, mas para Cuba...
Nenhum comentário:
Postar um comentário