(Revista Fator 04/01/2013)
Um dos campos mais ativos na economia é aquele que trata do
crescimento econômico no longo prazo. Existem várias teorias que apontam
as suas causas fundamentais, mas ainda não existe um consenso sobre seu
principal determinante.
Um dos grandes problemas é a relação de causalidade entre
desenvolvimento econômico e as variáveis supostamente explicativas. Por
exemplo, podemos argumentar que o investimento em educação formal é
importante para estimular o aumento da renda, mas conforme um país fica
mais rico, existem mais recursos para serem investidos no sistema
educacional. Podemos ainda argumentar que além do investimento em
educação, uma melhora da cultura que valoriza a honestidade e o trabalho
também é benéfica para estimular a renda, mas essas duas variáveis
estão entrelaçadas (educação e cultura).
De qualquer forma, o conhecimento evoluiu de forma considerável e
hoje temos uma noção melhor dos elementos que afetam o crescimento
econômico. Um fator fundamental é o conjunto de regras que restringem as
possíveis ações econômicas e sociais dos agentes e em que grau elas
são, de fato, válidas (probabilidade dos infratores serem penalizados).
Em outras palavras, as regras do jogo, denominadas instituições formais.
Uma delas é o direito à propriedade privada, que afeta o retorno dos
agentes e, portanto, o montante de investimentos privados em capital
físico, capital humano e na adoção de novas tecnologias, além de
estimular maior eficiência econômica.
Outro elemento destacado na literatura é o capital humano, que vai
além da educação formal e é fundamental no processo do crescimento. Ele
depende de ações governamentais e das próprias instituições. O governo
tem um papel relevante nesse sentido com investimentos diretos e via
melhora institucional. Alguns estudos indicam que o investimento
governamental principalmente nos anos iniciais é crucial para determinar
toda a trajetória de aprendizado dos alunos.
O investimento do governo também é essencial em áreas que aumentam a
produtividade marginal do capital privado, como em infraestrutura. Mas
para que se tenha um bom governo, boas instituições são necessárias para
reduzir o nível de corrupção, a busca por rendas extraordinárias, entre
outros. Esse é outro ponto em que podemos enfatizar o problema da
causalidade, visto que boas instituições conduzem a um bom governo e
restringem a corrupção, enquanto que um bom governo é um elemento
importante para que boas instituições possam emergir.
A cultura também é de grande importância, sendo parte das
instituições informais. Quando as pessoas de uma nação valorizam o
trabalho e a honestidade, os efeitos são positivos sobre toda a
economia, inclusive na formação de boas instituições. O governo também é
importante aqui, pois é o exemplo para os cidadãos, além do principal
ator que determina as normas de condutas e penalidades que ajudam na
formação da cultura de uma nação.
Em suma, o governo é fundamental
por afetar vários elementos que são cruciais na determinação do
crescimento econômico de longo prazo. No Brasil, nós temos o privilégio
de escolher nossos representantes e, pelo que foi argumentado, pode-se
perceber a importância das eleições democráticas. O problema é que a cultura e
o capital humano são importantes na determinação da qualidade do voto.
Novamente o problema da causalidade...
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