Parabéns pelos 459 anos! Vale a pena ver a comparação do PIB da cidade feita pela Revista Exame caso fosse um país. O PIB do município está a frente de países como Malásia, Finlândia, Cingapura, Hong Kong, Portugal e Chile.
Quando se compara com a Finlândia, o município tem mais do que o dobro de sua população, mas quando se compara com o Chile e Malásia, ele tem cerca de 65% e 38% da população desses países, respectivamente.
É claro que muito da indústria paulista e brasileira, além de serviços importantes, concentram-se no município. No entanto, essa comparação mostra como é diferente a realidade brasileira quando se compara com esses países. Em economia, dimensão faz diferença e a minha impressão é que nunca se soube aproveitar essa vantagem no Brasil.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
domingo, 20 de janeiro de 2013
Muita gambiarra por nada
Dilma Rousseff inicia a segunda metade de seu mandato acossada por
críticas, aqui e no exterior, às manobras que tem feito para cumprir
metas e pôr a economia no rumo que considera adequado. A rocambolesca
operação que ajudou o governo a “cumprir” sua meta fiscal de 2012 foi
apenas o truque mais ousado; faz tempo que a equipe econômica liderada
pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, lança mão de expedientes pouco
convencionais para levantar o PIB, controlar a inflação, influenciar o
câmbio, fechar as próprias contas etc.
À parte o intenso debate entre os economistas que defendem o uso de
ferramentas heterodoxas e aqueles que as atacam, resta uma constatação:
apesar de todos os coe-lhos que Mantega tirou da cartola, o desempenho
da economia nos dois primeiros anos de governo não teve nada de
fantástico. Ou seja, o efeito de tanto “jeitinho” foi praticamente nulo.
“Essa nova matriz econômica dos últimos dois anos é um cobertor bem
curto, em que cada medida produz um efeito colateral que exige outra
medida. Na prática, o que colhemos? Inflação alta e crescimento muito
baixo. O resultado até agora foi esse”, avalia a economista Alessandra
Ribeiro, da Tendências Consultoria.
Como não admite uma alta dos juros, o governo recorre a artifícios
para segurar os preços, obrigando a Petrobras a vender gasolina abaixo
do custo e reduzindo impostos aqui e ali. Agora Mantega tenta manejar a
inflação na base da conversa, pedindo a prefeitos que adiem o reajuste
das tarifas de ônibus e metrô.
“Empurrar a inflação meses à frente é inócuo, porque em algum momento
ela virá. Para resolver de verdade, o governo teria de fazer reformas
microeconômicas, desindexar um pouco a economia”, avalia João Basílio
Pereima, chefe do Departamento de Economia da Universidade Federal do
Paraná. “Ainda há muitos contratos com correção automática, o que
retroalimenta a inflação.”
Credibilidade
A maioria dos economistas crê que estamos longe de uma
“argentinização” da economia. Ao contrário do que ocorreu do lado de lá
da fronteira, o IBGE não sofreu uma intervenção para calcular a inflação
de modo mais conveniente, e ninguém é multado por divulgar estimativas
diferentes das oficiais. Mas é fato que o Planalto perde credibilidade a
cada “operação de alquimia”, como escreveu dias atrás o economista
Delfim Netto, antes defensor quase incondicional da equipe econômica.
“Quanto menor a credibilidade do governo, mais difícil é convencer o
setor privado a investir. Os empresários não têm mais a convicção de que
as promessas de inflação na meta e crescimento forte serão cumpridas”,
diz Luciano Nakabashi, professor de Economia da USP Ribeirão Preto.
“Como o governo não tem recursos suficientes para investir, será mais
difícil desamarrar os nós que dificultam o crescimento.”
Críticas
Ministro da Fazenda vai de “elfo vidente” a “expert em jeitinho”
Autor – ou pelo menos mensageiro – de grande parte das medidas
econômicas do governo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem sido
alvo preferencial de dois dos mais importantes veículos especializados
em economia.
Em dezembro, a revista The Economist afirmou que os investidores
estão perdendo a confiança no Brasil e sugeriu que a presidente Dilma
Rousseff demitisse o ministro.
No fim daquele mês, o blog beyondbrics, do jornal Financial Times,
colocou Mantega no papel de “elfo vidente”, por causa de suas previsões
não confirmadas. Na semana passada, o mesmo blog o definiu como
“especialista em jeitinho”.
Consequências
Medidas provocam distorções que exigem mais malabarismo
O problema das “gambiarras” da política econômica é que cada uma
provoca distorções que exigem mais e mais criatividade do governo.
Ao agir para desvalorizar o real e ajudar os exportadores, por
exemplo, o Planalto encareceu as importações. Isso agravou o prejuízo da
Petrobras, que tem importado muito combustível para atender à demanda
por gasolina – que cresceu porque, para conter a inflação, a estatal
subsidia o produto.
“Os truques são totalmente inadequados, em todos os segmentos em que o
governo tem insistido em se meter. Apenas aumentam as distorções e
tiram o foco do que precisa ser feito”, avalia Sergio Vale,
economista-chefe da MB Associados.
sábado, 12 de janeiro de 2013
Escolhendo vencedores nacionais
Desde 2006, o governo brasileiro vem utilizando o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como um dos seus principais
instrumentos de política econômica através de uma estratégia agressiva
de financiamentos destinados à realização de investimentos produtivos
dentro e fora do país. Os desembolsos do BNDES estavam em R$ 52,3
bilhões, em 2006, passando para R$ 168,4 bilhões, em 2010. Nos dois
últimos anos ocorreram reduções nesses valores devido aos problemas
econômicos enfrentados pelo país.
No entanto, ainda é clara a adoção dessa estratégia para tentar
estimular o investimento e alavancar o crescimento econômico brasileiro.
A ideia do governo é – além de estimular o nível de investimentos –
criar grandes grupos nacionais que mantenham operações econômicas em
vários países, ou seja, criar empresas brasileiras transnacionais. O
maior exemplo é o grupo JBS Friboi, que em apenas sete anos passou de
uma pequena empresa no interior de Goiás para uma das maiores empresas
do mundo a operar na cadeia de proteína animal.
Quando olhamos para o grupo de países desenvolvidos, é evidente a
força global de suas empresas. Portanto, existe uma relação entre
fortalecimento das empresas nacionais e desenvolvimento econômico. No
entanto, receio que essa relação de causalidade ocorra de forma mais
relevante na direção do desenvolvimento econômico de um país para o
fortalecimento de suas empresas. Um país obtém avanço econômico quando
investe na formação de suas pessoas, em sua infraestrutura, no
estabelecimento e garantia de regras claras que garantam o retorno dos
investimentos realizados pelo setor privado, e quando o governo não
asfixia os investidores com cargas tributárias elevadas e com excesso de
procedimentos burocráticos. Assim, ele gera maior competitividade de
todas as empresas nacionais e estimula os investimentos produtivos em
capital físico, humano e tecnologia, o que acaba fortalecendo suas
empresas.
Quando se adota uma estratégia de vencedores nacionais, o governo
favorece alguns grupos econômicos que nem sempre são os mais eficientes e
produtivos economicamente. Quando os investidores percebem isso,
destinam recursos que poderiam ser produtivos em atividades que aumentam
suas probabilidades de conseguir os mesmos benefícios sem produzir
nenhum bem ou serviço, o que chamamos de atividades rent-seeking. O país
passa a produzir menos com a mesma quantidade de recursos produtivos
disponíveis.
É comum, por exemplo, observar que empresas contratam pessoas, montam
escritórios, gastam com viagens a capitais apenas para estabelecer
ligação com representantes do governo, com o objetivo de fazer pressão e
obter favores e benefícios políticos. Quanto maior a influência do
governo em relação à eficiência das empresas na determinação de seu
sucesso econômico, maior será a quantidade de recursos destinados às
atividades rent-seeking.
Outro efeito negativo é que, ao escolher alguns vencedores, as demais
empresas perdem mercado interno para a empresa favorecida e são
desestimuladas a realizar novos investimentos, a não ser que todo o
ganho de mercado da empresa favorecida ocorra em outros países, o que
não parece muito provável. Por fim, sem alterar as condições citadas
anteriormente, será difícil que as escolhidas mantenham a
competitividade sem a mão do governo.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
Mansueto vs Mantega
Muito bom esse post do Mansueto! Ele mostra os vários "truques" contábeis que a equipe econômica do governo Dilma vem fazendo para mascarar o baixo superávit primário. O que a equipe econômica vem fazendo só mostra a sua falta de transparência, pois é mais do que evidente que as metas de superávit primário já foram abandonadas...
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Concursos para economistas
As seguintes instituições estão com inscrições abertas para economistas em concursos públicos (ordem crescente de salário):
1) Até 31/01/13 (Telebrás).
2) Até 27/01/13 (BNDES).
3) Até 23/01/13 (ABDI).
4) Até 28/01/13 (Secretaria do Tesouro Nacional)
1) Até 31/01/13 (Telebrás).
2) Até 27/01/13 (BNDES).
3) Até 23/01/13 (ABDI).
4) Até 28/01/13 (Secretaria do Tesouro Nacional)
domingo, 6 de janeiro de 2013
Crescimento no longo prazo e a questão da causalidade
(Revista Fator 04/01/2013)
Um dos campos mais ativos na economia é aquele que trata do crescimento econômico no longo prazo. Existem várias teorias que apontam as suas causas fundamentais, mas ainda não existe um consenso sobre seu principal determinante.
Um dos grandes problemas é a relação de causalidade entre desenvolvimento econômico e as variáveis supostamente explicativas. Por exemplo, podemos argumentar que o investimento em educação formal é importante para estimular o aumento da renda, mas conforme um país fica mais rico, existem mais recursos para serem investidos no sistema educacional. Podemos ainda argumentar que além do investimento em educação, uma melhora da cultura que valoriza a honestidade e o trabalho também é benéfica para estimular a renda, mas essas duas variáveis estão entrelaçadas (educação e cultura).
De qualquer forma, o conhecimento evoluiu de forma considerável e hoje temos uma noção melhor dos elementos que afetam o crescimento econômico. Um fator fundamental é o conjunto de regras que restringem as possíveis ações econômicas e sociais dos agentes e em que grau elas são, de fato, válidas (probabilidade dos infratores serem penalizados). Em outras palavras, as regras do jogo, denominadas instituições formais. Uma delas é o direito à propriedade privada, que afeta o retorno dos agentes e, portanto, o montante de investimentos privados em capital físico, capital humano e na adoção de novas tecnologias, além de estimular maior eficiência econômica.
Outro elemento destacado na literatura é o capital humano, que vai além da educação formal e é fundamental no processo do crescimento. Ele depende de ações governamentais e das próprias instituições. O governo tem um papel relevante nesse sentido com investimentos diretos e via melhora institucional. Alguns estudos indicam que o investimento governamental principalmente nos anos iniciais é crucial para determinar toda a trajetória de aprendizado dos alunos.
O investimento do governo também é essencial em áreas que aumentam a produtividade marginal do capital privado, como em infraestrutura. Mas para que se tenha um bom governo, boas instituições são necessárias para reduzir o nível de corrupção, a busca por rendas extraordinárias, entre outros. Esse é outro ponto em que podemos enfatizar o problema da causalidade, visto que boas instituições conduzem a um bom governo e restringem a corrupção, enquanto que um bom governo é um elemento importante para que boas instituições possam emergir.
A cultura também é de grande importância, sendo parte das instituições informais. Quando as pessoas de uma nação valorizam o trabalho e a honestidade, os efeitos são positivos sobre toda a economia, inclusive na formação de boas instituições. O governo também é importante aqui, pois é o exemplo para os cidadãos, além do principal ator que determina as normas de condutas e penalidades que ajudam na formação da cultura de uma nação.
Em suma, o governo é fundamental por afetar vários elementos que são cruciais na determinação do crescimento econômico de longo prazo. No Brasil, nós temos o privilégio de escolher nossos representantes e, pelo que foi argumentado, pode-se perceber a importância das eleições democráticas. O problema é que a cultura e o capital humano são importantes na determinação da qualidade do voto. Novamente o problema da causalidade...
Um dos campos mais ativos na economia é aquele que trata do crescimento econômico no longo prazo. Existem várias teorias que apontam as suas causas fundamentais, mas ainda não existe um consenso sobre seu principal determinante.
Um dos grandes problemas é a relação de causalidade entre desenvolvimento econômico e as variáveis supostamente explicativas. Por exemplo, podemos argumentar que o investimento em educação formal é importante para estimular o aumento da renda, mas conforme um país fica mais rico, existem mais recursos para serem investidos no sistema educacional. Podemos ainda argumentar que além do investimento em educação, uma melhora da cultura que valoriza a honestidade e o trabalho também é benéfica para estimular a renda, mas essas duas variáveis estão entrelaçadas (educação e cultura).
De qualquer forma, o conhecimento evoluiu de forma considerável e hoje temos uma noção melhor dos elementos que afetam o crescimento econômico. Um fator fundamental é o conjunto de regras que restringem as possíveis ações econômicas e sociais dos agentes e em que grau elas são, de fato, válidas (probabilidade dos infratores serem penalizados). Em outras palavras, as regras do jogo, denominadas instituições formais. Uma delas é o direito à propriedade privada, que afeta o retorno dos agentes e, portanto, o montante de investimentos privados em capital físico, capital humano e na adoção de novas tecnologias, além de estimular maior eficiência econômica.
Outro elemento destacado na literatura é o capital humano, que vai além da educação formal e é fundamental no processo do crescimento. Ele depende de ações governamentais e das próprias instituições. O governo tem um papel relevante nesse sentido com investimentos diretos e via melhora institucional. Alguns estudos indicam que o investimento governamental principalmente nos anos iniciais é crucial para determinar toda a trajetória de aprendizado dos alunos.
O investimento do governo também é essencial em áreas que aumentam a produtividade marginal do capital privado, como em infraestrutura. Mas para que se tenha um bom governo, boas instituições são necessárias para reduzir o nível de corrupção, a busca por rendas extraordinárias, entre outros. Esse é outro ponto em que podemos enfatizar o problema da causalidade, visto que boas instituições conduzem a um bom governo e restringem a corrupção, enquanto que um bom governo é um elemento importante para que boas instituições possam emergir.
A cultura também é de grande importância, sendo parte das instituições informais. Quando as pessoas de uma nação valorizam o trabalho e a honestidade, os efeitos são positivos sobre toda a economia, inclusive na formação de boas instituições. O governo também é importante aqui, pois é o exemplo para os cidadãos, além do principal ator que determina as normas de condutas e penalidades que ajudam na formação da cultura de uma nação.
Em suma, o governo é fundamental por afetar vários elementos que são cruciais na determinação do crescimento econômico de longo prazo. No Brasil, nós temos o privilégio de escolher nossos representantes e, pelo que foi argumentado, pode-se perceber a importância das eleições democráticas. O problema é que a cultura e o capital humano são importantes na determinação da qualidade do voto. Novamente o problema da causalidade...
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
Para acelerar o crescimento
O
atual cenário econômico internacional ainda é preocupante e, no caso de choques
imprevistos, pode ser ainda mais pernicioso sobre o desempenho da economia
brasileira. No entanto, já percebemos alguns sinais de problemas internos que
podem ser mais nocivos.
O
país cresceu na primeira década do milênio a um bom passo. Uma taxa de
crescimento do PIB em torno de 4% com reduzido crescimento populacional tem
efeitos significativos ao longo de 10 ou 20 anos. Podemos perceber isso pela
emergência da nova classe média e a redução da pobreza extrema. Se o país
continuar nesse passo, no espaço de tempo de uma geração ou 25 anos ele
apresentará um nível de desenvolvido muito maior e melhores condições para
sanar os inúmeros problemas sociais existentes. Em duas gerações estará no
grupo de países desenvolvidos.
Só
que o crescimento recente explicitou alguns pontos fracos da economia
brasileira. Ele só foi possível com redução da taxa de desemprego, ou seja,
empregando recursos que estavam ociosos. Com o baixo nível de desemprego, novas
pressões no mercado de trabalho se traduzirão, principalmente, em elevações
salariais e de preços, ou seja, inflação.
Para
continuar crescendo ao passo da primeira década do atual milênio, o país
precisa tomar medidas que elevem, sobretudo, a produtividade. Mas isso não pode
ser feito no curto prazo, ou seja, para isso será preciso planejamento e
vontade política para que o país possa manter uma boa taxa de crescimento de
forma sustentável.
Para
elevar a produtividade o governo precisa focar na melhora da infraestrutura, do
sistema educacional, sobretudo na educação básica, em respeitar e garantir que
se respeitem a lei e contratos realizados de forma e estimular o investimento
privado e integrar a economia brasileira à mundial através da intensificação do
comércio internacional.
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